quinta-feira, 29 de novembro de 2012

O Virtual da Vida

Estava em casa trabalhando, e como a maioria das pessoas que trabalha com computador, olhava o facebook. Talvez seja apenas eu, mas sinto as vezes uma vontade incontrolável de colocar no “status” tudo que mais me angustia, me atormenta.
A vida virtual tem tanta falta de verdade. Toda vez que vejo o que meus amigos (também virtuais, pois é impossível conviver com 700 pessoas de forma verdadeira) postam, compartilham, curtem, sinto que mostramos uns 10% do que realmente somos. E diga-se de passagem, os nossos melhores 10%. Mas onde mostramos o que realmente somos?
No trabalho engolimos “sapos”, ou aturamos pessoas que, com sinceridade, nem se quer cumprimentaríamos. Na família somos ou tentamos ser sempre melhores, para não magoar as pessoas que amamos. Em raros momentos colocamos para fora o que pensamos, e normalmente quando ocorre acaba em brigas. Claro que as máscaras do dia-a-dia são necessárias. Este é o virtual da vida.
Gostaria de poder falar que amo muito meus amigos, mas que eles têm defeitos que muitas vezes não suporto. Que minha mãe é incrível de várias maneiras, e que algumas são terríveis. Que minha irmã, tão nova e linda, tão crua e que pensa ter tantas certezas.
Poder falar que adoro me apaixonar por uma pessoa impossível, que me faz mal não conseguir disser tudo que passa em mim. Poder falar que gostaria de encontrar alguém que pudesse me ler de forma clara, me olhar e disser que o que sinto é normal, que não estou sozinha. Poder disser que a pessoa que mais me amou é uma das que mais me magoou, que o perdôo, mas não posso tê-lo de volta. Que amei muito a pessoa errada, que me marcou de uma forma que talvez não tenha forças para me recuperar.
Falar que não sou forte, que toda está vontade de ficar sozinha somente diz que não aquento mais não ser compreendida. Que toda vez que fico mais intelectualiza, mas distante fico dos demais e por isto mesmo continuo e continuo lendo e estudando. Que não me interessa os rótulos que me dão ou os que as pessoas recebem, que gosto de coisas diferentes e nem por isto não tenho personalidade.
O virtual da vida me afoga tanto que visito o facebook, a vida virtual que todos adoram e onde todos são adorados.