segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Cotidiano

Os acontecimentos cotidianos não recebem de nós a devida atenção.Não entendemos como um simples fato também tem impacto sobre as grandes escolhas que tomamos na vida.

Decidindo não descer na parada de costume, desce na próxima, ao caminhar encontra um antigo colega de escola. Conversam amenidades. “Quanto tempo!”, “Como está sua mãe?”, “Já tem filhos?”, “No que está trabalhando?”, “Onde está morando?”.

Perguntas triviais. Conversa agradável. Descobrem que estão próximos. Descobrem que ainda têm pontos em comum. Um deles, um amigo. Este amigo fará uma festa. Os dois foram convidados. Algumas semanas depois, encontram-se na festa. O amigo em comum os conecta novamente. Histórias antigas veem a tona. Lembranças engraçadas. “Não tivemos um pequeno namoro?”. “Na quarta série?”. “Ah! Foi”. Comentam os dois com sorrisos sem graça.

Então a conversa toma um rumo mais íntimo. “Mas você casou”. Não, diz ele. “Namorei por muito tempo, mas não chegou a virar casamento”. “Eu morei com alguém por alguns anos”, diz ela. Depois de entendido que os dois estão solteiros, pelo resto da festa ficam a trocar olhares. Ao final, o encontro está marcado.

Um jantar, depois um show acústico, um cover, os dois gostam das mesmas músicas. A noite foi maravilhosa.

Em pensar que esta primeira noite juntos, foi a trinta anos. Ela nunca imaginou que se casaria com o coleguinha da quarta série, aquele coleguinha que não comia a banana que trazia de lanche, pois ele dava a ela todas as manhãs no recreio.

segunda-feira, 23 de setembro de 2013

Garoa


Nos dias em que bate a chuva,
bate em mim uma saudade sua!

No alento das manhãs chuvosas,
a saudade não pesa.
Passa como a garoa,
que com pouco sol se evapora,
mas molha quando desprevenida
me vejo a andar na rua
solitária.